sexta-feira, 25 de abril de 2014

A coragem de se alegrar

Trechos de Homilia do Papa Francisco durante a oitava da páscoa.

O Evangelho narra a aparição de Jesus Ressuscitado aos discípulos que, diante da sua saudação de paz, em vez de ficarem loucos de alegria, ficam “cheios de medo”, pois acreditam ter visto “um fantasma”. Cristo trata de fazê-los compreender que é real o que veem, uma realidade tangível: de fato, convida-os a tocarem seu corpo, pede comida e água. O Filho do Senhor deseja transmitir-lhes a alegria da Ressurreição, a alegria da sua presença entre eles. Mas eles pela alegria não acreditaram, não podiam acreditar, porque tinham medo da alegria.
Esta é uma doença dos cristãos. Temos medo da alegria. É melhor pensar: ‘Sim, sim, Deus existe, mas está lá; Jesus ressuscitou, mas está lá’. Um pouco de distância. Temos medo da proximidade de Jesus, porque isso nos dá alegria. E assim se explicam os muitos cristãos de funeral, não? Aos quais parece que a vida é um funeral contínuo. Preferem a tristeza, e não a alegria. Movem-se melhor não na luz da alegria, mas nas sombras, como aqueles animais que só conseguem sair à noite, mas à luz do dia não veem nada. Como os morcegos. E com um pouco de senso de humor, podemos dizer que existem ‘cristãos morcegos’, que preferem as sombras à luz da presença do Senhor”.

Mas Cristo, com a sua Ressurreição nos dá a alegria: a alegria de ser cristãos; a alegria de segui-lo de perto; a alegria de caminhar nas estradas das Bem-aventuranças; a alegria de estar com Ele. E nós tantas vezes ficamos perturbados ou repletos de medo, acreditamos ver um fantasma (..) Você fala com Jesus? Você diz a Ele: ‘Eu acredito que o Senhor está vivo, que ressuscitou, que está perto de mim, que não me abandona’? A vida cristã deve ser isso, um diálogo com Jesus, porque – isso é verdade – Jesus está sempre conosco, está sempre com os nossos problemas, com as nossas dificuldades, com as nossas boas obras.

Quantas vezes os cristãos não somos felizes porque temos medo! Cristãos que foram “derrotados” na Cruz. Na minha terra há um ditado que diz: ‘Quando alguém se queima com leite quente, depois, quando vê uma vaca leiteira, chora’. Estes se queimaram com o drama da cruz e disseram: ‘Não, vamos parar por aqui; Ele está no Céu; mas tudo bem, ressuscitou, mas que não venha outra vez aqui porque não aguentaremos’.

Peçamos ao Senhor que faça com todos nós o que fez com os discípulos, que tinham medo da alegria: que abra a nossa mente e nos faça entender que Ele é uma realidade viva, que Ele tem corpo, que Ele está conosco e nos acompanha e que Ele venceu. Peçamos ao Senhor a graça de não ter medo da alegria.”
Fonte: Vatican Insider, 24-04-2014. Tradução: André Langer. Publicado no Brasil pelo IHU.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Páscoa, simplesmente

Senhor Jesus
Minha força e meu fracasso és tu
Minha herança e minha pobreza
Tu Minha justiça, Jesus.

Minha guerra e minha paz
Minha livre liberdade!
Minha Morte e minha Vida
Tu, Palavra dos meus gritos
Silêncio da minha espera

Testemunho dos meus sonhos
Cruz da minha Cruz!
Causa da minha Amargura
Perdão do meu egoísmo
Crime do meu processo
Juiz do meu pobre pranto
Razão da minha Esperança Tu!

Minha Terra Prometida és tu...
Páscoa da minha Páscoa
Nossa Glória para sempre
Senhor Jesus!

Dom Pedro Casaldáliga

terça-feira, 15 de abril de 2014

Hoje mesmo você estará comigo no Paraíso!” (Lc 23,43)

O teu coração sem portas, sempre aberto,
que fácil é roubar-te o Paraíso!
Ladrões, todos nós,
Depredadores do cosmos, da natureza e da vida,
somente podemos salvar-nos assaltando-te, ó Cristo.
Em nosso “hoje” cotidiano,
Essa Misericórdia que jorra no teu sangue...

O teu suave assobio de Bom Pastor nos chama.
O teu coração reclama, impaciente,
a todos os marginalizados,
a todos os proibidos.

Tu nos conheces bem, e nos consentes.
Irmão de cruz e cúmplice de sonhos,
companheiro de todos os caminhos.
tu que és o Caminho e a Chegada!
(Dom Pedro Casaldáliga)